Wednesday, August 31, 2011

Ahoy!

Aqui está o terceiro número da revista A SUL DE NENHUM NORTE.
Esperamos que vos agrade.
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Wednesday, July 13, 2011

a sul

Se me nasceram flores
Se me nasceram flores
nas pontas dos dedos
e eu as roí como
a uma pele mais seca
ou se as cortei, não perdoo
dentes ou tesoura que
não impediram o indecoro
:
mais estranho é
desconhecer assim o corpo
próprio e seus processos
e confundir pele
com pétala é afinal
tão menos grave
que sua possibilidade
:
mas vê, se certo é tudo
o que sucede e natural até,
como o metal subterrâneo
sob a pele, como descrer
do que morre? isto é,
o fluxo constante
do que ocorre.


Rute Mota

Monday, June 27, 2011

e ainda a sul

Dedicatória
por Carmen
Ficam combinadas histórias para contar
ver mar e ver terra ter a roupa decorada
o cinza cobrindo o negro e depois
depois só o negro apetecer o negro
eu acho que vestias assim
e faço bonecos espreito outras ruas
mas ninguém leva a tua cara nem podia

Então penso onde foi mesmo
em que língua envergonhava a gente?
dois ou três nomes de terras
todas elas nossas conhecidas
terras conhecidas pelos dois mas
com mais cores a cor toda atrapalhada
devorar uma sandes ao jantar
acabar com o queijo

E logo umas canções que memorizem
digo guitarras tocadas como pedras
lagos estradas caminhos comidos
apanhar e guardar essas luzinhas todas
boca aberta e passo abananado
querendo rir e ser gentil


Hugo Milhanas Machado


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Thursday, June 16, 2011

a sul

O mercúrio de Van Sweetens


Caro Zerrel,

- Depois de uma canja de galinha parda ao jantar, fui aquecer os pés na salamandra da Casa Lilás que o meu amigo me recomendou na véspera de Natal. Fui muito bem recebido pela matroníssima Madame Bataille que parecia já saber quem eu era. Aposto a minha cadeira de baloiço que o meu amigo falou-lhe a meu respeito. Madame Bataille teve um ataque de tosse ao subir as escadas e à entrada do quarto que me estava reservado pôs-se a falar de um novo bronco-dilatador que o Auch lhe recomendou. Vi-me obrigado a gerar ali algo parecido com empatia na esperança que ela me desse um desconto ou um copo de Genebra no fim. A menina que me calhou tinha um ar inocente, os olhos não tinham vestígios de emoção e falava pouco. Antes de começarmos, pedi-lhe gentilmente para pôr na boca o meu termómetro. O mercúrio chegou aos 41ºC! Não podia dormir com alguém tão libidinoso. Acima dos 38,5ºC é a minha morte. Deitei-me a seu lado e deixei escoar o tempo. Ela disse-me o seu nome, Sophie Minuit. Disse-me que antes de trabalhar ali, tinha sido auxiliar de biblioteca, mas ganhava muito mal. Começou então a libertar-se e a falar mais. O seu livro favorito é a "História de um Coração" e abraçava repetidamente o ar à sua volta. Meu amigo, quase que me apaixonei. Felizmente, os quarenta minutos acabaram e sai daquela alcova mesmo a tempo.
Sinto que o meu termómetro vai ser um tremendo sucesso.


Do sempre seu,
T. Edison


Pedro A. M. Amaral


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Monday, May 30, 2011

Et Voilá!

Aqui está o segundo número da revista A SUL DE NENHUM NORTE.
Esperamos que vos agrade.
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Friday, May 20, 2011

a sul

os dias são feitos de noites intermináveis
de canções que se enroscam ruidosamente ao corpo
e eu trago o inverno a respirar-me junto à face
trago as mãos rasgadas
sem bolsos onde se encolherem de frio
é mais do que certo:
se te visse regressar manhã dentro
não sobraria apenas a geometria das árvores em redor do coração

- Ana C. -

Thursday, May 19, 2011

a sul

Definição de desconhecido

Pessoa que não é membro
de um grupo: um visitante,
convidado, ou o seio
que roça no teu braço
no metro. Pessoa
com quem não tiveste
nenhum contacto mas que tirou
a tua cadeira de baloiço
da berma
e se enrosca nela
e fecha os olhos.
Pessoa agora atrás
de ti na fila, à espera
de um copo de água,
ou de whiskey, de elixir.
Pessoa a ligar-se online
no mesmo segundo
do Home Depot em LIma.
Ou à procura do Dalai Lama.
Pessoa nem cúmplice nem parte
duma decisão, edital, et cetera,
mas que comeu
do mesmo garfo
na pizzaria
e beijou a tua irmã mais tresloucada
no fim de ano. Pessoa designada
para alimentar o tigre no zoo
onde tu uma vez
puseste a tua mão
na palma da mão
do pai de outra pessoa.

- Idra Novey -

Wednesday, May 4, 2011

a sul

(...)
Mas há gente que, por ter uma educação mais esmerada ou apenas porque as circunstâncias da vida assim o determinaram, acha que está acima disto. Precisam de algo que lhes titile a sofisticação. Que os faça sentir que pertencem a um grupo. E não a um grupo qualquer, mas a um grupo de gente que, como eles, tenha gosto apurado, tenha opiniões, saiba apreciar as artes e não ignore que sair de casa sem um saco a tiracolo e um livro de Boris Vian no bolso é como estar nu.
Precisam de ser godás.
E o que vem a ser um godá?
É muito simples.
Comecemos pela pronúncia. Lê-se “gódá” e não “gudá” ou “gôdá” ou qualquer outra variante. Vem de Godard, realizador francês que, não sendo ele um godá propriamente dito, é um dos autores que, para qualquer godá que se preze, fica sempre bem citar e dizer que se conhece o seu trabalho e se gosta muito.
O termo é de minha autoria, mas o conceito já existia. A única coisa que faltava era alguém perceber que não é apenas uma particularidade comportamental, mas toda uma filosofia de vida.
(...)


- Renato Carreira -

Tuesday, April 26, 2011

A sul

Percorri o bairro, cercado do que imagino como representação da «toute Lisbonne»; é a minha costela Crumb. Não vi, não reconheci, escritores entre a audiência; julgo ter compreendido por que Gonçalo teve de os inventar; vi sobrinhas, tias e finalistas estucadas com botox, possíveis locatárias dos condomínios donde serão despejados o senhor Valéry, o senhor Henri, o senhor Juarroz, o senhor Brecht, o senhor Kraus, o senhor Calvino, o senhor Walser, sem o senhor Swendenborg ter tido tempo para se entregar às «investigações geométricas». Quando bebia absinto, em Coimbra, não me lembro se alguma vez tive o cuidado de «nunca misturar o absinto com a realidade para não piorar a qualidade do absinto»; sinto muito, senhor Henri.





Jorge Fallorca

Thursday, April 14, 2011

a sul

(da divisão dos despojos)


o que não foi destruído ficou em silêncio
sobre a mesa mas reparem: só o que perece
não dói. a dificuldade é incinerar o que fica
o passado é pouco combustível mas os dedos
como os nós também se cortam. mas como
dividir o saque que é inteiro onde rasgar
em que linha imaginária se ainda hoje
todos os decretos foram decretados nulos.

- Pedro Jordão -

Tuesday, April 12, 2011

a sul

(...)
Sim, por muitos e bons anos
Até que a incerteza separe
A cal da parede,
Até que comecem a arder,
Por excesso de exposição,
Os móveis que o sol visita pela janela.


A madeira é duma fragilidade
Metódica e paciente.
São de madeira os punhos
Elevados perante as seduções.




- Rui Almeida -

Friday, April 8, 2011

a sul

25 Megapixels


Já verifiquei as sombras mais de muitas vezes - a luz está esquiva dentro das nuvens e digo baixinho para a máquina fotográfica encostada à minha barriga: “Sabes, acho que hoje ninguém subirá a encosta até aqui”. Ali ao lado, o Júlio apressa-se a alinhar as fichas vermelhas dentro da caixa enferrujada e espreita a estrada pelo canto do olho. Não quer que os seus homens se apercebam que está preocupado com as nuvens e inventa tarefas para os ocupar: um que abra o motor e verifique o óleo, o outro que percorra as tábuas gastas de madeira à procura de algum prego solto, vamos, vamos. E finge-se atento a esses movimentos, enquanto se encosta à cabeça amarelo-muito-gasto do cavalo de boca aberta.
(...)


- Ângela M. -

1 de cada sul por dia.

Tatiana Pequeno nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, em 1979. Publicou, em 2010, seu primeiro livro de poemas, réplica das urtigas. É professora de literaturas brasileira e portuguesa, tendo defendido recentemente tese de doutoramento sobre Maria Gabriela Llansol. Ouve desde sempre muitas canções e muitas reverberações do mundo, por isso costuma comover-se até hoje com a longa introdução de Cortez the killer do Neil Young e as aparentes dissonâncias de toda uma geração que sabia do que o Loveless, do My Bloody Valentine, tratava.

Tiago Gomes nasceu em Lisboa em 1971. É poeta e, em edição de autor, editou dois livros: Caixa Negra de Avião Desviado por Ataque Terrorista e Homem Vago em Cinzento (1995). Seguiram-se Brincadeiras com Cianeto (Edições Mortas, 1998), Viola-me Eléctrica (Fenda, 1998) e Antologia Auto-Ajuda (Ed. Mariposa Azual). Foi radialista na Voxx, comentador no programa de televisão Prazer dos Diabos. É vocalista dos Campos Blue Moves, Inspectores, Agência de Viagens e On The Road. Foi fundador da galeria ZDB. É director, produtor e editor da revista de arte Bíblia, que dirige há 14 anos. Produz os projectos musicais Furacão Sereno, On The Road e Inspectores.

Pedro Santo Tirso, tem 33 anos, idade de Cristo, é lisboeta, gosta do seu nome, que sempre considerou uma boa combinação de sagrado e profano. Talvez por isso tenha dado em professor. Tem mulher e filho que ama. Gosta de beber vinho e de ler.

Wednesday, April 6, 2011

a sul

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Pumping Station 1.1, João Rios

Tuesday, April 5, 2011

réplica das esquinas


é melhor assim é
pousar o vento não vibrar
mais um acordo sem
medula outro ponto voraz é
melhor
assim as gavetas se prendem
impedem a coluna das formigas
na glicose
um rastro de formas evoca o teu pouso
sem acordo
é melhor assim
uma saída resistente na luz dos
hipermercados, amando a ossatura
dos jovens sobre moléstia nova
pelas mãos de ervas a
terra trabalhada saúda seu
mutismo
a oceania assim
os pingos do amor em fim
melhor melhor recolher e pousar
os panos de limpeza em acordo
(rápido, a mim ilumina) as
formigas sabem se é melhor sem
gotas, enfim
o que vaza
podia, mas não é o cheiro das ervas
acontece um anel de palavras sem
paz o mar
é melhor assim ver o corpo não é juízo
é várzea sobre charco, morses e holocausto
líquido assente platéia
seria falso não adormecer assim
a miragem das lógicas sem
rastro, formas
mentira, nunca houve suspeita
sobre a terra
é sangue
de ternura
nos pingos para a fábula das urtigas
acordo entre os guindastes fortes
trégua de saída que sobe nove andares
cansa
análise de safena
desmorona os ossos, venta poeira
pousam as mágoas das gavetas
aceno enorme sobre a costura da cama
vaza vaza
estanca
aprende agora
ela é possível somente inteira


- Tatiana Pequeno -

1 de cada sul por dia.

Pedro Outono Estudou Filosofia e Jornalismo na Universidade de Coimbra. Para além de docente, exerce também a actividade de guia-intérprete de turismo. Tem publicados quatro livros, dois de poesia e dois de contos. Mantém um blogue de temática exclusivamente literária, O Blog do Tlönista, onde são revelados alguns dos seus textos.


Rui Almeida nasceu em Lisboa, em 1972. Mantém, desde 2003, o blogue Poesia distribuída na rua. Publicou em 2009 o livro de poemas Lábio Cortado (Editora Livrododia). Tem textos seus em várias revistas e antologias.


Sonata Paliulytė é poeta, tradutora e actriz. O seu primeiro livro Ps foi editado em 2005: recebeu vários prémios literários entre eles o prémio Young Jotvingis para o melhor primeiro livro de poesia. em 2009 publicou uma antologia bilingue (Inglês/Lituano) de Emily Dickinson. Está prevista a publicação do seu segundo livro de poemas para 2011, e Still Life, Selected Poems vai ser publicado em Inglês na Escócia. O seu trabalho está publicado nas principais revistas literárias tanto na Lituânia como no estrangeiro. Vive em Vilnius.

Saturday, April 2, 2011

a sul

(...)
Estes tons negros são o mistério, as raízes que se cravam no limo que todos conhecemos, que todos ignoramos, mas de onde nos chega o que é substancial na arte. Sons negros, diz o homem popular de Portugal e concorda com Goethe, que encontra a definição do fado ao falar de Paganini, dizendo ‘Poder misterioso que todos sentem e nenhum filósofo explica’.
(...)


- Pedro Santo Tirso -

Friday, April 1, 2011

1 de cada sul por dia.

Maria Sousa é uma lebre que é uma Alice e gosta de passar a tardes no café Santa Cruz a ler e a escrever. Gosta de revistas e já participou em algumas (Criatura, Sítio, Umbigo, Saudade). Escreveu Exercícios para endurecimento de lágrimas (Língua Morta, 2010) mas ainda chora quando ouve a Lhasa e o Tom Waits. Não gosta de dar aulas e quando for grande quer ser livreira.

Pedro Jordão escreve por acidente. Não acredita em notas biográficas, não gosta de lavar a louça, mas é bom tipo. Também é arquitecto e programador cultural. Tem trinta e três anos, vive em Lisboa e sabe que nunca vai ser grande.

Kenneth Traynor é escritor que faz fotografia analógica e vive em São Francisco. É o editor da Cold Green Tea Press (www.coldgreenteapress.blogspot.com), uma editora “faça-você-mesmo” que publica plaquetes de escrita inovadora, tradução e artes visuais.

Thursday, March 31, 2011

Declaração de Imposto a Deus


(...)
Eu, exceptuando os meus cabelos, desejo imperiosamente largar a minha língua, a que Deus me deu, para a outra, a que ganhei ao mar, e escrever coisas impossíveis. Em vez disso, aqui estou, com a minha língua de fora, a proferir palavras que não entendo, enquanto os segredos dos diques rebentam na minha língua cortada pelo fio dos cabelos.
(...)

- Joana Serrado -


Wednesday, March 30, 2011

1 de cada sul por dia.

João Villalobos
www.emocoesbasicas.blogspot.com
www.facebook.com/joao.villalobos


Idra Novey O seu primeiro livro de poemas, The Next Country recebeu o prémio Kinereth Gensler de Alice James Books e foi incluído na lista de Melhores Livros de Poesia de 2008 daVirginia Quarterly Review. Recebeu prémios da Poetry Society of America, National Endowment for the Arts, Poets & Writers Magazine e do PEN Translation Fund. Traduziu dois poetas brasileiros nunca antes vertidos para a língua inglesa, Paulo Henriques Britto comThe Clean Shirt of It (BOA Editions, 2007) e Manoel de Barros com Birds for a Demolition (Carnegie Mellon, 2010).


Novey é de momento Director of Literary Translation na School of the Arts da Universidade de Columbia.




Jorge Fallorca (Mortágua 15/6/49), poeta e tradutor, com a viragem do século – que se antecipou a lavrar-lhe o corpo, Água Tatuada (& etc., 1999, esg.) – entregou-se à irremediável vagabundagem, denunciada pelas esclarecidas mentes que julgaram vislumbrá-la em Imitação da Morte dos Outros (& etc., 1976, esg.) e A Luva In Love (Assírio e Alvim, 1977, esg.).
Tão avesso às opiniões descartáveis como à vida requentada, não resistiu à tentação de opinar sobre as artes em jornais defuntos; nem de se decantar em estações de rádio, onde cultivou uma surdez galopante que o remeteu para o sussurrar das vagas e das alfarrobeiras.
Reeditados os títulos esgotados – Fruta da Época (frenesi, 2001) –, foi-lhe dada a oportunidade de se distanciar de tudo e de todos: A Cicatriz do Ar (Black Sun, 2001; edição única do autor, 2009), Entre Chipiona e Tarifa (Teorema, 2002), Al-Khaïma (Teorema, 2004), Longe do Mundo (frenesi, 2004), Blues Para Uma Puta Velha (& etc., 2010), O Livro do Fim (Deriva, 2011) e Nem sempre a lápis (tea for one, 2011). Viveu sete anos no Al-Gharb e tornou-se visível por algures em 2008; redige o blog http://nemsemprealapis.blogspot.com/

Tuesday, March 29, 2011

a sul





































Radeo_01, Beleza Descartável, Marco Moura


mais aqui.

1 de cada sul por dia.

Celeste Wladyka, 1983. Mora em Buenos Aires, onde nasceu, mas tem Lisboa traçada no coração. Estuda Letras e vai trabalhar de bicicleta. Tem publicado artigos académicos sobre poesia e música, traduz poetas portuguesas com amor e faz canções. Os quatro poemas que aqui se apresentam fazem parte da série Poemas do português, fruto da paixão pela língua de Camões.




Joana Serrado é uma trintinha gorducha, com estrias, que lê Lamartine em jardins frequentados por homens de gabardine. Quer escrever um poema que salve o mundo e cale o Herberto (por esta ordem, necessariamente).





Sofia Ferreira
http://sofiaciente.tumblr.com/

Monday, March 28, 2011

para flauta, violoncelo e sala


regresso aos teus olhos.
escuros como batalhas.
sem prosas, hoje respiro.
digo: ouço. (e perto,
lembro-me: escuros).


uma sala vazia é melhor.
para a ressonância:
do violoncelo, entendes?
hoje regresso a eles. sem
acentos, nem perguntas.
estendo-me no chão da casa


e recuo. deixo a vertigem
(várias) as estações (o próprio
tempo, se pudesse). digo:
ouço. saio da locomotiva
a meio do percurso. digo
que me sinto mal, e sento-me


longe dos aparelhos. regresso.
uma sala vazia é melhor. entro.
levo a mão direita dentro
do casaco. (lado esquerdo). o frio
repara nisso.


- Bruno Béu -

1 de cada sul por dia.

Cecilia Eraso (Neuquén, Argentina, 1978) é poeta, docente e investigadora. Tem publicados dois livros de poemas – Isolario (Neuquén, Cartonerita Solar, 2010) e plutón canta (Buenos Aires, Editorial Funesiana, 2010) e a plaquete Orientación Este no P.L.U.P. (Proyecto Latinoamericano de Unión Poética, 2010). Faz parte do conselho editorial da revista de literatura www.elinterpretador.com.ar e coordena com outras poetas o P.L.U.P. (Proyecto Latinoamericano de Unión Poética, 2010).


Henrique Manuel Bento Fialho nasceu torto. Nunca se há-de endireitar.


Marco Moura é um artista plástico que finalizou o Curso Técnico-profissional de Artes Gráficas da ARCA – E.A.C. em 1999 e de Comunicação e Design Multimédia na Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC) em 2010, tendo ganho vários prémios Nacionais na área de Ilustração, banda desenhada e design gráfico. Trabalhou em empresas como a Memorandum (actual Cision), Take The Wind e é director artístico da Bits e Saberes. Actualmente continua a trabalhar como freelancer em diferentes áreas, tais como a pintura, ilustração, fotografia e design.


Renato Carreira nasceu em 1977 e tem-se mantido vivo de forma mais ou menos contínua desde então. Frequentou vários estabelecimentos de ensino, fez trabalhos de mérito intermitente e conquistou uma reputação unânime de “gajo esquisito” entre aqueles que com ele privaram. Passa demasiado tempo a atafulhar o ciberespaço com coisas como a Inépcia (www.inepcia.com) desde 2001.Gosta de bifinhos com cogumelos, mas não nega um bom bacalhau à brás, uma francesinha com batata frita ou uma alheira de Mirandela. O grão-de-bico será sempre a sua perdição derradeira. Promete ofertar uma quantia simbólica em dinheiro a quem o abordar na rua, segredando-lhe ao ouvido as palavras “Costa da Caparica”.

Sunday, March 27, 2011

I

vejo-te na soleira da porta
hesitas. em cena apenas estou eu
penso em mudar-me mas entre  erros
e  desculpas falta-me espaço

se contares histórias  serão daquelas que
ninguém quer ouvir
relatos de passeios de domingo onde há sempre ruínas
sim, restaram apenas ruínas escavadas no interior dos olhos
  

II

entras, não tens medo
rodeado de olhares com sono que ainda não sabem
Que as palavras são sempre as mesmas
(uma espécie de cerimónia onde te repetes para evitar a morte)

mentimos os dois sobre uma história feita de fragmentos

dizes que nem sempre o guião é o mesmo
mas repetes-me o teu monólogo ao ouvido

“deixa-me sair” vou abandonar a personagem
que balança no vazio

ultima tentativa: observo-te e tu já não me vês
conheces-me tão pouco, não, isto…
isto não é um dueto, é um duelo

friamente o silêncio cai sobre nós
não há vozes nem adereços
(a cena está vazia)

há apenas uma cortina de vento onde as palavras
nunca se moldaram


- Maria Sousa -

Saturday, March 26, 2011

a sul

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Doctor Love, João Rios
Acontece a miúda, saia blusa, pálida, junto ao fim de pescoço, terço de domingos ao peito, acontece a luz que lhe adoça o rosto, a ternura que se esbate ao forçar a vista contra o sol, as escadas do pátio mais sujo das semanas, das horas que as sobe, sobe os minutos como degraus, passo de sabrina branca, um pouco de prata e poucos segundos, que deus é seu deus em branco sabrina nos pés, manhãs à sombra da janela mais fria desta cidade que diz, - Acontece.
(...)

-Beatriz Hierro Lopes-


1 de cada sul por dia.

Bruno Béu prepara-se para defender um doutoramento em filosofia. É docente convidado no curso de especialização da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Filosofia e Estudos Orientais. Membro integrado do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa e sócio do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira. Tem poesia publicada em antologias de poesia portuguesa contemporânea e revistas literárias.


Beatriz Hierro Lopes, míope, nasceu no Porto em 1985. Formada em História, actualmente ganha a vida a contar prédios e a contar histórias do Porto a gente pequena. Nunca usou lentes de contacto e gosta de ver as pessoas desfocadas.



João Rios, picheleiro de válvulas cardíacas, absorve em versos e cores
os excrementos e os luxos da cidade.



Michel Laub nasceu em Porto Alegre, em 1973. Escritor e jornalista, foi editor-chefe da revista Bravo e coordenador de internet do Instituto Moreira Salles. Hoje é professor de criação literária (Academia Internacional de Cinema, B_Arco, Sesc) e colaborador de diversos veículos e editoras.
Publicou quatro romances, todos pela Companhia das Letras: Música Anterior (2001); Longe da água (2004), lançado também na Argentina; O segundo tempo (2006) e O gato diz adeus (2009). Recebeu o prémio Erico Verissimo/Revelação, da União Brasileira dos Escritores, as bolsas Vitae, Funarte e Petrobras e foi finalista dos prêmios Jabuti, Portugal Telecom (duas vezes), Fato Literário/RBS e Zaffari/Bourbon. Tem textos publicados em Itália e na Coreia.
Blog: http://michellaub.wordpress.com/

Friday, March 25, 2011

mais uma a Sul

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Menina III, Gonçalo Martins
Orbis terrarum


as ruas nos mapas
nos papeis, as palavras
fracos fios pretos
num atlas de anatomia do corpo humano
traçam-se avenidas interiores
largos, becos, cantinhos, travessas
sobem e descem
dobram-se e erguem-se
ao percorrer a cidade
a língua faz-se carne
os órgãos recebem
nomes de ruas
as pedras amolecem
no contacto da mão
os verbos revelam
os poderes secretos
das articulações

as ruas nos mapas
nos papeis, as palavras
fracos fios pretos
feitos carne na voz
terramoto selvagem
que desaba a fala da mãe
fluxo quente que esconde
vestígios do mar
voz que atravessa
a língua portuguesa
e sai do peito
do mais perto
do coração
a ferver
no forno
do centro
do rosto


- Celeste Wladyka -

Thursday, March 24, 2011

1 de cada sul por dia.

Ana C. nasceu em Lisboa, há 35 anos, sob o signo de Capricórnio. Cedo se lembra de escrever estórias e poemas. Apesar disso, quis tentar mudar o mundo de outra forma e enveredou pela Sociologia.
Começou por escrever a tinta de caneta e a lápis mas converteu-se facilmente aos computadores e aos blogues, onde vai arquivando os seus escritos. Não dispensa, contudo, esquecer-se de palavras em folhas soltas, flyers, pacotes de açúcar, bilhetes de autocarro…
Há uns anos vislumbrou a concretização do sonho de ter uma livraria fora do comum e hoje, com mais ou menos livros à volta, acha que, no fundo, sempre lutou contra a possibilidade de ser apenas mais uma maria vai com as outras.
Habita no Porto. E habita-se a si e aos outros. E aos lugares. Mãos e árvores. E, acima de tudo, habitua-se à ideia de não conseguir mudar o mundo mas de ser sempre possível mudar-se nele.


Ângela M., nasço e vivo no Porto, respiro estas ruas de sol que tantas vezes me surpreendem. Acordo com pássaros de manhã, misturo números e ruas que deslizam até ao mar e sorrio muito quando uma Mulher - Poeta como tu, Maria, me convida a escrever para uma revista assim.


Gonçalo Martins tem hoje 28 anos, mas era pequeno quando descobriu que o fogo tinha magia. Lembra-se que devia ter uns 7/8 anos quando começou a queimar pontas de papel de jornal com fósforos, e assim acidentalmente incendiou a montra da loja da mãe. Gonçalo Martins estudou Artes Plásticas na ESAD de Caldas da Rainha onde aprendeu que essa força do fogo pode ser uma coisa boa e criativa e descobriu que o fogo pode ser a melhor de todas as ferramentas para pintar e ilustrar, carregado de simbolismos e conceitos, o fogo é a sua arma. Entre outras coisas Gonçalo procura uma através do fogo relação entre corpo/tempo e tempo/mente. Gonçalo acho que é um pessimista, as pessoas dizem que ele é apenas romântico.

Gilbert Keith Chesterton, conhecido como G. K. Chesterton, (Londres, 29 de Maio de 1874 — Beaconsfield, 14 de Junho de 1936) foi um escritor, poeta, narrador, ensaísta, jornalista, historiador, biógrafo, filósofo, desenhista e conferencista britânico. Ficou famoso como o criador dos contos do Padre Brown. G. K Chesterton era um católico convertido num país de anglicanos. Chesterton era uma "máquina" intelectual. Escreveu mais de 4.000 artigos para jornais, uns 100 livros e aproximadamente 200 contos, quase todos ditados à sua secretária.

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