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Mas há gente que, por ter uma educação mais esmerada ou apenas porque as circunstâncias da vida assim o determinaram, acha que está acima disto. Precisam de algo que lhes titile a sofisticação. Que os faça sentir que pertencem a um grupo. E não a um grupo qualquer, mas a um grupo de gente que, como eles, tenha gosto apurado, tenha opiniões, saiba apreciar as artes e não ignore que sair de casa sem um saco a tiracolo e um livro de Boris Vian no bolso é como estar nu.
Precisam de ser godás.
E o que vem a ser um godá?
É muito simples.
Comecemos pela pronúncia. Lê-se “gódá” e não “gudá” ou “gôdá” ou qualquer outra variante. Vem de Godard, realizador francês que, não sendo ele um godá propriamente dito, é um dos autores que, para qualquer godá que se preze, fica sempre bem citar e dizer que se conhece o seu trabalho e se gosta muito.
O termo é de minha autoria, mas o conceito já existia. A única coisa que faltava era alguém perceber que não é apenas uma particularidade comportamental, mas toda uma filosofia de vida.
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- Renato Carreira -
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