Percorri o bairro, cercado do que imagino como representação da «toute Lisbonne»; é a minha costela Crumb. Não vi, não reconheci, escritores entre a audiência; julgo ter compreendido por que Gonçalo teve de os inventar; vi sobrinhas, tias e finalistas estucadas com botox, possíveis locatárias dos condomínios donde serão despejados o senhor Valéry, o senhor Henri, o senhor Juarroz, o senhor Brecht, o senhor Kraus, o senhor Calvino, o senhor Walser, sem o senhor Swendenborg ter tido tempo para se entregar às «investigações geométricas». Quando bebia absinto, em Coimbra, não me lembro se alguma vez tive o cuidado de «nunca misturar o absinto com a realidade para não piorar a qualidade do absinto»; sinto muito, senhor Henri.
Jorge Fallorca
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